sexta-feira, 5 de abril de 2013

A descrição de atributos funcionais para invertebrados no Brasil



Já falavam os cientístas desde os tempos de Linnaeus sobre a importância de se conhecer, descrever, registrar e categorizar os seres vivos. Nos países do Velho Mundo pouco há para se catalogar e muito há para se preservar, já no Novo Mundo muito há ainda para se descobrir, parte das américas já possui bancos de dados taxonômicos, biogeográficos, além da descrição de vários atributos funcionais para a maioria de seus invertebrados. Trabalhos como o do professor Merritt com An introduction to the aquatic insects of North America, que teve sua primeira edição em 1978 são extremamente importantes pois tratam de descrever os táxons por completo, desde chaves de identificação a descrição de conteúdo estomacal.

Ressalto a complexidade de se utilizar a abordagem funcional para invertebrados em regiões tropicais (Tomanova et al. 2006), pois atualmente ainda existe muita incerteza em relação a atributos funcionais de insetos na região Neotropical por diversos motivos, dentre eles: i) os grupos apresentam hábitos alimentares variados, ii) a variação funcional pode depender do ínstar e da resolução taxonômica, e iii) a categorização trófica específica para grupos funcionais alimentares de insetos, especificamente da família Chironomidae, ainda não é muito claro devido à sua plasticidade alimentar (Pinder 1986). Assim, trabalhos que descrevem atributos funcionais com base em observações em laboratório são extremamente importantes, como os de McShaffrey & McCafferty (1990), Henriques-Oliveira et al. (2003), Motta & Ueida (2004), Tomanova et al. (2006), Baptista et al. (2006) e Carvalho & Graça (2007).

Os artigos citados aqui são exemplos do que têm sido feito para grupos aquáticos, dos quais tenho mais conhecimento, mas sabemos que não há muito sobre invertebrados terrestres no Brasil, corrijam-me se estiver errado, mas estamos carecendo de profissionais (taxonomistas, ecólogos) que descrevam atributos funcionais de invertebrados. Na verdade o incentivo a pesquisas ecológicas e taxonômicas no Brasil é bem menor do que as pesquisas de mercado, do setor alimentício e de matéria-prima pra exportação, a política do nosso ministério da ciência está longe de ser científica. Somos uma "super-potência" que mal conhece o quintal dos fundos.

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